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Tuesday, 14 December 2010

Dance of the Dead


Dançar é uma forma de estar no mundo. A minha infância, a dança da loucura.
Claridade? Candura? Inocência? Pessoa está de facto muito longe da realidade quando fala da infância...chega o poeta até a questionar-se se terá a sua realmente existido. Indivíduo algum poderia alguma ver cair em tamanho equívoco; pois muito bem, pelo menos houve um aspecto no qual o poeta não errou. Exteriormente ele conclui algo, um facto com o qual eu concordo:
"A infância torna-nos naquilo que somos."
Verdade Pura. Não há margem de dúvida.

Por vezes, a infância tem a função de um teste de sobrevivência, assim como a minha, que funcionou também como uma máquina de criar monstros.
Como é possível que tenha eu sido forçada a entrar nesse engenho pelo demo manejado? Uma vez la dentro, toda a inocência que era minha me arrancaram, tiraram de mim a minha sanidade dando assim lugar a uma crónica dor de viver (não de pensar) deixando apenas o apreço à Morte, ao mistério, à ilusão de sentir, ao poder concentrado em cada gota do meu sangue.
Encontrei a música, a dança, e desde sempre às duas me fixei para, por momentos, encurralar a minha loucura.
Sempre fui o pássaro negro, o corvo. Nunca ninguém gostou de mim. No entanto, isso jamais me incomodou. Encontrei aos 11 anos Edgar Allan Poe e revi-me na sua poesia. Revi a minha dor na sua dor.
A minha falsa sanidade, alimento-a dançando, choro enquanto danço, mato enquanto danço, mas meus pés não param de dançar.
"Nostalgia do Presente!"- Afinal de contas, tenho algo em comum com Fernando Pessoa. Infelizmente. Peço imensa desculpa.

( O Cartaz acima é referente ao espectáculo de bailado "Contrastes e Sintonia" que se vai realizar no dia 20 de Dezembro na Casa da música e no qual eu vou participar :D )

1 comment:

  1. e é por este texto e essa loucura toda que és a minha melhor amiga, li um conto no outro dia que é sobre dois jovens que têm em comum o sentimento de angustia, a história em si não tem nada a ver connosco mas sem duvida que também somos unidas por um sentimento, este que é a nostalgia. Dizem que se repetirmos as loucuras do passado não nos sentiremos com saudade e sentiremos-nos jovens.
    Lembras-te quando dissemos ao ramunni que eu já tinha feito tudo? E que estava a repetir então ele diz: isso não tem piada.
    Ri-me por dentro, aos poucos talvez fique mais jovem sem dar por isso e a nostalgia desapareça tenho a certeza que a tua também deve ter sido afectada pelas ultimas noites ou dias.
    Mas não percebo se reparares, independentemente do que tenhamos feito, nós do que temos saudades nem é da felicidade que essa acredito que em certas alturas não tenha sido muita mas sim da liberdade, da verdadeira liberdade. Digo bastantes vezes que preferia morrer a deixar de respirar acho que por vezes nos tiram essa respiração, não existe nada melhor que fazer como sair para o meio do nada sem horas, sem direcções ou direcção e apenas sentir a nossa respiração, quem inventou a respiração foi o rei!
    Ahaha :P

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